Senador tucano chama de "previsões fantasiosas" as estimativas de crescimento do País pelo Planalto e acredita num "esgotamento" das medidas emergenciais para tentar salvar o ano eleitoral.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já fala como presidenciável nas
críticas que faz ao governo federal. Em artigo publicado na Folha de
S.Paulo, o tucano diz que o Planalto fez "previsões fantasiosas" sobre o
PIB e que há um "esgotamento" das medidas emergenciais, segundo ele,
usadas para tentar salvar o ano eleitoral. Aécio descreve ainda os
problemas com os quais o governo federal terá de lidar, agora com o fim
das eleições:
Leia seu artigo publicado na Folha de S.Paulo:
Eleições e economia
As eleições realizadas ontem [domingo], em primeiro turno, e as
últimas notícias sobre o desempenho da economia dominam, neste momento, o
interesse dos brasileiros em razão das repercussões que têm sobre a
vida nacional.
Pelo voto livre e soberano, o pleito reafirma a força da nossa
democracia, expressa no encontro de milhares de candidatos e de milhões
de eleitores nas urnas dos mais de 5.000 municípios brasileiros e no
amplo debate sobre os problemas nacionais que incidem de forma aguda na
realidade das nossas cidades: corrupção, gestão precária, saúde ruim,
educação sem qualidade, o avanço da violência e os crescentes desafios
na área da mobilidade urbana.
Na economia, relatório divulgado pela Cepal aponta que o Brasil
crescerá apenas 1,6% neste ano. É o segundo pior resultado entre os 20
países analisados da América Latina e do Caribe, superior apenas ao do
Paraguai e atrás de Panamá, Haiti, Peru, México, Costa Rica e Bolívia.
Referendado também por órgãos do próprio governo, como o Banco
Central, o resultado desmente as previsões fantasiosas com as quais o
governo tentou falsear a realidade.
O número da Cepal já havia sido antecipado por instituições
financeiras internacionais e, à época, foi classificado como "piada" por
nossas autoridades econômicas, que passaram o ano anunciando
crescimento em patamar muito superior. Vê-se agora, de fato, com quem
estava a realidade, neste lamentável espetáculo do PIB em queda livre.
Mesmo com tantas evidências, o governo insiste em debitar na conta de
outros países a responsabilidade exclusiva sobre o problema, em vez de
fazer o seu próprio dever de casa. Ao agir assim, cumpre agenda que
atende outros interesses, sem se preocupar com os efeitos deletérios
dessa estratégia, que condena o país a um crescimento medíocre, como nos
dois últimos anos, e põe em risco a perspectiva brasileira como nação
emergente.
Com o esgotamento das medidas emergenciais para tentar salvar o ano
eleitoral --e a constatação de que não funcionou, como antes, o tripé
oferta de crédito, queda das taxas de juros e benemerências fiscais a
setores produtivos--, resta-nos voltar à cobrança das reformas ainda por
fazer, único caminho para assegurar competitividade à economia e
recolocar o país no rumo de um crescimento sustentado e duradouro.
Ao fim do ano eleitoral, o governo terá de se haver com os antigos
desafios que se agravaram sem resposta: o peso dos impostos, o excesso
de burocracia, juros ainda nas alturas, legislação trabalhista do século
passado, inércia e incompetência para desatar o nó da infraestrutura,
entre tantos outros que entravam o desenvolvimento nacional.
Fonte: BR247
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