Presidente do Sebrae desde 2010, Luiz Barretto diz que a instituição tem papel fundamental na transformação do empreendedor de 40 anos atrás, quando o serviço de orientação foi criado; para os próximos anos, a meta é planejar um esforço conjunto para chegar com triunfo aos 50 anos.
Há quatro décadas, o Brasil era outro e, nesse sentido, também o 
cenário para se abrir um negócio. Além do ambiente, o próprio 
empreendedor é outra pessoa se comparado ao pequeno empresário de 40 
anos atrás. Se antes ele abria uma empresa por necessidade, hoje o faz, 
na maioria das vezes, por oportunidade e para realizar um sonho. A favor
 dessa realização, o Brasil vive um momento econômico favorável para 
melhorar o ambiente de negócios.
"O Brasil é uma estrela no atual cenário econômico mundial". É assim 
que o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, define o atual ambiente 
nacional, sem dúvidas um forte contribuinte para o crescimento do 
pequeno empresário. Desde dezembro de 2010 à frente de uma das 
instituições mais respeitadas do País, o ex-ministro do Turismo compara o
 Brasil de hoje com o de quando a empresa foi criada, em 9 de outubro de
 1972, data que completa 40 anos nesta terça-feira 9.
Na entrevista abaixo, Barretto destaca o que de mais decisivo foi 
criado pelo Sebrae em benefício dos empreendedores e o que ainda trava o
 desenvolvimento desse setor. Em sua opinião, "a urgência em levar 
inovação à nossa indústria" e a necessidade de "investir na qualificação
 profissional" são alguns desses fatores. Para os próximos anos, o 
dirigente planeja um esforço conjunto para segmentar o atendimento 
 conforme a necessidade de cada público e assim chegar com triunfo aos 
50 anos.
Qual a maior mudança que o senhor apontaria no perfil do empreendedore de hoje e o de 40 anos atrás?
O Brasil mudou muito nas últimas quatro décadas e o empreendedorismo 
acompanhou essas transformações. Uma das principais é a motivação para 
empreender: antes, o brasileiro abria um negócio próprio por 
necessidade, por não encontrar um emprego. Hoje, a cada três pessoas que
 iniciam um empreendimento, duas o fazem por uma oportunidade de 
negócios. Isso muda completamente a qualidade do empreendedorismo no 
País.
Os empreendedores de hoje têm um nível melhor de escolaridade e se 
preocupam mais com a gestão empresarial. Cada vez mais está perdendo 
força a tese de que o conhecimento adquirido na prática, principalmente 
em empresas familiares, é suficiente para competir no mercado. E nesse 
aspecto o Sebrae tem um papel fundamental. Há 40 anos trabalhamos para 
preparar o pequeno empresário ou o potencial empreendedor para abrir o 
seu negócio e administrá-lo de uma maneira competitiva e sustentável. 
Conhecimento é o principal caminho para fazer a empresa crescer e se 
desenvolver. Outro dado interessante é que nos últimos 10 anos 
constatamos a participação maior de jovens e de mulheres no 
empreendedorismo.
Em quatro décadas, o que destacaria de mais revolucionário já criado pelo Sebrae aos pequenos empresários?
O avanço mais importante para o segmento, sem dúvida, foi a criação 
da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2006, que contou com amplo 
apoio do Sebrae, trabalhando em parceria com os parlamentares e com o 
Governo Federal. A Lei Geral foi resultado de uma ampla luta do segmento
 para ter mais apoio e menos burocracia. Com ela, vieram o Simples, que é
 uma espécie de mini-reforma tributária que favorece os pequenos 
negócios, e a figura do Microempreendedor Individual. Outro ponto 
importante é que sempre buscamos aprimorar o atendimento de nossos 
clientes e isso continua sendo um dos nossos maiores desafios. Mas 
destaco a evolução que tivemos ao longo de nossa trajetória.
Na década de 90, criamos o Balcão Sebrae para facilitar o atendimento
 presencial de potencial empresários e empreendedores com dúvidas sobre 
abertura e a gestão de seu negócio. Com a modernização das 
possibilidades tecnológicas, nacionalizamos nosso atendimento na 
internet, pelo site www.sebrae.com.br, e o teleatendimento passou a ter 
um único número: 0800 570 0800. Em 2006, eram 700 mil teleatendimentos, 
que passaram a ser cerca de 1 milhão em 2007. E hoje ultrapassam 12 
milhões de atendimento via telefone e canais multimídias (e-mail 
marketing, chats, fóruns) prestados pela Central de Relacionamento. Mais
 recentemente, o programa Agentes Locais de Inovação (ALI) revolucionou o
 modelo de atendimento feito pelo Sebrae. Com o ALI, a 
pequena empresa recebe consultoria personalizada e gratuita 
de recém-formados treinados pelo Sebrae que dão sugestões de soluções 
inovadoras para suas empresas.
Como enxerga o cenário político-econômico para o micro empreendedor hoje? Muito mais favorável que há 10 anos, por exemplo?
O cenário para empreender no Brasil mudou muito nas últimas décadas. 
Antes, o brasileiro abria uma empresa por necessidade, por não ter outra
 opção para ganhar dinheiro. O mercado de trabalho não tinha a oferta 
que tem hoje.  Atualmente, a cada três empreendedores que abrem uma 
empresa, dois fazem isso por oportunidade. O momento econômico favorável
 vivido pelo País contribuiu para melhorar o ambiente de negócios. Temos
 um forte mercado interno com cerca de 100 milhões de consumidores, 
sendo que 40 milhões deles fazem parte da nova classe média. O mercado 
interno é o foco das micro e pequenas empresas, que não dependem das 
exportações. Elas representam 99% das empresas brasileiras, empregam 
mais da metade dos brasileiros com carteira assinada e respondem por 
aproximadamente 25% do PIB.
O Brasil é considerado um país seguro economicamente, na sua 
visão, para se iniciar um negócio? Como é esse ambiente em relação a 
outros países, como os vizinhos da América do Sul?
Sem dúvida, o Brasil é uma estrela no atual cenário econômico 
mundial. Atingimos recentemente o posto de sexta economia mundial. Temos
 estabilidade financeira, mais de R$ 350 bilhões de reservas cambiais. 
Uma economia sólida e um mercado consumidor com mais de 100 milhões de 
pessoas. É um mercado gigantesco e em crescimento constante. O País 
melhorou, mas ainda temos imensos desafios pela frente. Cito a urgência 
em levar inovação à nossa indústria, melhorar a infraestrutura 
logística, investir na qualificação profissional. Fala-se muito do 
apagão de mão-de-obra no Brasil, mas temos também que melhorar a gestão 
para tornar nossas empresas, de todos os portes, mais competitivas.
Qual a maior dificuldade de quem quer empreender hoje?
Pesquisas feitas pelo Sebrae apontam que crédito bancário e capital 
de giro são as principais dificuldades de se ter um negócio próprio nos 
primeiros dois anos de vida da empresa, que são os mais críticos. A 
falta de histórico no mercado dificulta o acesso ao empréstimo bancário 
para o empreendedor iniciante. A dificuldade diminui na medida em que a 
empresa vai se estabelecendo. O peso de tributos e impostos também são 
fatores que podem comprometer o sucesso do negócio. Apesar de ter havido
 uma melhora no ambiente legal às micro e pequenas empresas, com a 
ampliação dos limites de faturamento do Supersimples, ainda falta uma 
legislação que permita uma transição mais adequada dessas empresas 
quando crescem e saem do Supersimples. Hoje o empreendedor também tem 
que encarar uma forte concorrência interna e externa. Por isso é 
importante que ele crie um diferencial para se destacar no mercado, que 
ele busque a capacitação e a inovação.
O Sebrae é uma das instituições de maior credibilidade no País. De que forma o senhor acha que essa imagem foi conquistada?
Sabemos que não é fácil uma entidade completar 40 anos, ainda mais 
com esta representatividade no País. Temos uma sede nacional, 
escritórios regionais em todos os Estados e mais de 700 pontos de 
atendimento em todo o Brasil. Ao longo de quatro décadas, trabalhamos 
duro para nos tornarmos referência em orientação e capacitação para 
empresários de pequeno porte. Além disso, a maioria dos nossos cursos é 
gratuita e pode ser feita presencialmente ou pela internet. Atuamos em 
todas as esferas do governo para estimular políticas públicas favoráveis
 ao empreendedorismo. Nosso trabalho é fruto de parcerias feitas com 
centenas de entidades privadas e governamentais. Acreditamos que juntos 
será mais fácil apoiar os pequenos negócios e ajudar o crescimento do 
nosso País.
Quais seus principais planos para a instituição nos próximos anos de mandato?
Estamos trabalhando pensando nos próximos 10 anos do Sebrae. É o 
nosso Direcionamento Estratégico. Vamos avaliar cenários e rever 
estratégias para programar melhor nossa chegada aos 50 anos. O Sebrae 
está num esforço para segmentar o atendimento de acordo com as 
necessidades de cada público. Por exemplo, sabemos que o 
microempreendedor individual costuma trabalhar sozinho, por isso ele não
 pode passar o dia todo em um curso porque isso significaria perder um 
dia de faturamento. Assim, estamos trabalhando com esse público com 
oficinas de curta duração, via internet, e dicas enviadas por celular. O
 importante é formalizar o maior número possível de negócios, pois se 
trata de um resgate da cidadania empresarial desses empreendedores. 
Outra prioridade é aumentar o número de municípios com a Lei Geral da 
Micro e Pequena Empresa implementada.
Fonte: BR247 








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